A coleta de dados é uma das partes mais importantes no processo de melhoria da qualidade e da produtividade, pois é a partir dos dados coletados em obra que são feitos todos os estudos de qualidade e produtividade dos diversos serviços analisados.

Para garantir que o estudo a ser realizado represente a realidade em termos de produtividade e qualidade da obra, deve-se fazer um planejamento antecipado, determinando o melhor método de coleta de dados e escolhendo os serviços a serem analisados, características que dependem do interesse da empresa. Geralmente os serviços selecionados são aqueles que representam maior custo e gasto de tempo na obra.

É na fase de coleta de dados que são obtidas todas as informações que influenciam na análise do processo para posterior alterações necessárias. Todos os detalhes observados por mais simples que possam parecer, como a quebra de algum equipamento, são importantes para compreensão dos fatores que interferem no aumento ou queda da produtividade.

Todas as formas de coleta de dados devem garantir a confiabilidade nos dados colhidos e para isso é necessário que esta seja feita por um observador (apontador ou estagiário) treinado para desempenhar a tarefa, pois qualquer erro ou falha nesta fase da metodologia proposta, impede que os estudos e análises sejam realizadas.

A coleta de dados pode ser realizada de três formas: Planilha de Produção, Observações Instantâneas e Filmagens (Time-Lapse), sendo elas detalhadas a seguir.

A técnica da planilha de produção permite medir a quantidade de serviço realizada em um período, por um operário dentro de um ciclo de repetição.

A planilha de produção deve conter dados de identificação da obra, do serviço a ser medido, nome do engenheiro e apropriador, quantidade de repetições, data, dia da semana, especificação da equipe, quantidade executada e horas gastas para executar o serviço de oficiais e serventes.

Para facilitar a anotação dos dados na planilha de produção, faz-se necessária a montagem um croqui da unidade com o serviço há ser medido e uma tabela de acompanhamento contendo as medidas padronizadas. Através da utilização do croqui e da tabela, é possível reduzir o índice de erros, pois não há necessidade de realizar medições a cada coleta. Deve-se observar que não se anote o mesmo serviço duas vezes, para isso pode-se fazer uma tabela de acompanhamento da unidade onde se marcariam os itens já executados.

São dois os modelos de planilha de produção, um empregado para os serviços que compõe a estrutura e outro empregado para os serviços gerais.

A coleta de dados a partir da técnica de observação instantânea, busca determinar como o operário ou a equipe, distribui seu tempo ao longo da execução do serviço. Através da amostragem instantânea do trabalho é possível obter como resultado o desempenho do operário ou equipe em termos dos tempos gastos para realização do serviço, além de verificar sua eficiência e capacidade em executá-lo. Esta técnica tem como características, baixo custo e facilidade de aplicação.

A técnica consiste em fazer observações instantâneas e espaçadas ao acaso em um certo período. Obtém-se uma estimativa da proporção de tempo despendido por cada operário em um dado tipo de atividade, através da relação entre o número de registros desta atividade e o número total de observações. Com um mínimo de amostra aleatórias é possível representar todo o tempo de execução.

Através das observações instantâneas obtêm-se a relação entre a quantidade de tempo produtivo, improdutivo e auxiliar empregado na execução do serviço. O estudo desses tempos permite determinar causas de ineficiência gerencial do processo, além de indicar diretrizes para melhorias. Os tempos no estudo por amostragem podem ser divididos como é descrito a seguir:

• Tempo Produtivo: tempo em que o operário está realizando uma tarefa. Exemplo: Vibrando concreto na execução de uma laje.
• Tempo Auxiliar: são tarefas que não acrescentam valores de maneira direta no produto final, mas são necessárias para execução do serviço. Exemplo: transporte vertical de concreto para execução de uma laje.
• Tempo Improdutivo: tempo em que o operário não realiza nenhum tipo de tarefa. O tempo improdutivo classifica-se em:
• Evitável: ocasionado por falta de planejamento do serviço, treinamento do operário, falhas na reposição de material, etc.
• Inevitável: ocasionado por problemas incontroláveis como, por exemplo, intempéries, etc.
• Ocioso: podem ser intencionais, ou por esforço físico excessivo.

O apropriador deve ser treinado para a realização da coleta de dados por este método, pois a observação da atividade em análise, deve ser instantânea e de forma imparcial, ou seja, deve-se anotar a atividade que o operário está realizando na hora prevista, para não distorcer o resultado do estudo. O observador não deve registrar o que o operário fez a instantes atrás ou o que vai fazer daqui a pouco, mas deve registrar o que ele está fazendo no momento exato da observação.

O método consiste em uma filmagem especial do serviço, onde são filmados pequenos períodos, obtendo como resultado imagens semelhantes a uma fotografia. Os resultados encontrados são similares aos de Observações Instantâneas com algumas vantagens e desvantagens:

Vantagens: têm-se como resultado todas as etapas de execução de um serviço, mesmo sendo o serviço de longa duração, o método consegue representá-lo em poucos minutos de filmagens, têm-se maior precisão na coleta dos dados, pois está analisando-se praticamente uma fotografia, o que permite identificar com maior segurança o serviço que o operário está realizando.

Desvantagens: a máquina tem um ângulo de filmagem pequeno, os serviços analisados devem ser em locais fixos, ou seja, o operário não pode fugir do ângulo de filmagem.

Os resultados obtidos são os mesmos que obtidos com a técnica de observação instantânea, relação entre quantidade de tempo produtivo, improdutivo e auxiliar, porém, o nível de detalhes e informações obtidas com esta técnica é muito maior.

No desenvolvimento da metodologia proposta foram utilizadas os métodos da planilha de produção e observação instantânea, para apropriação dos dados de estrutura e serviços gerais.

São considerados serviços gerais na construção civil todos os serviços repetitivos da edificação, exceto os serviços da etapa de estrutura. Os serviços de alvenaria interna e externa, reboco interno e externo, reboco de teto e contra-piso, são alguns que podem ser considerados como "serviços gerais".

A estrutura se diferencia dos demais serviços por ser formada de várias tarefas como; forma de pilar, forma de laje e viga, concretagem de pilar, ferragem de laje e viga, escoramento etc..

Para facilitar a apropriação dos dados com a planilha de produção são utilizados croquis e tabelas que identificam a localização e a quantidade dos serviços. As planilhas de produção para serviços gerais e estruturas diferenciam-se em algumas características apresentadas a seguir.

Nos croquis do projeto para serviços gerais são identificados através de numeração, as paredes, contra-piso e outros elementos que serão executados e apropriados. Na tabela os números são identificados e indicadas as quantidades correspondentes à cada um dos elementos. Desta forma no momento da execução do serviço, a quantidade referente é facilmente localizada e apropriada na planilha de produção. Na Figura 1 é apresentado um exemplo de croqui para apropriação do serviço de alvenaria interna, em seguida na Tabela 1, sua respectiva tabela de acompanhamento das medidas.

A planilha de produção utilizada para coleta de dados é a mesma para qualquer um dos serviços gerais, porém deve-se identificar corretamente o serviço à qual se refere. Na Tabela 2 apresenta-se um modelo da planilha de produção e logo após o manual de preenchimento de cada campo identificado.

A planilha apresentada é formada por duas etapas, a primeira, contém os dados de identificação do serviço e a segunda os dados colhidos na sua execução. Abaixo estão identificados os campos e colunas e suas definições:

• Campo 1 - Obra - nome da obra que está sendo apropriada.
• Campo 2 - Engenheiro - nome do Engenheiro responsável pela obra.
• Campo 3 - Apropriador - nome da pessoa que está apropriando a obra.
• Campo 4 - Serviço - serviço que está sendo apropriado.
• Campo 5 - Quant. total pav. (m² ou Pç) - Somatório total da quantidade executada em m² ou peças por pavimento.
• Campo 6 - Início - Dia que iniciou a apropriação
• Campo 7 - Fim - Dia em que se concluiu o serviço.
• Campo 8 - N.º/N.ºtotal. - No caso da planilha não ser suficiente para apropriar todo o serviço, sendo necessário abrir outra para o mesmo serviço, deve-se anotar o número da planilha pelo número total de planilhas que forem necessárias para que o serviço fosse executado.
• Coluna 9 - Pavimento - pavimento no qual está sendo executado o serviço.
• Coluna 10 - Quant. ex. - quantidade executada no dia pela equipe em um pavimento ou mais.
• Coluna 11 - Hh of. - número total de horas gastas por dia em oficial na equipe.
• Coluna 12 - Hh serv. - número total de horas gastas por dia em servente na equipe.
• Coluna 13 - of./serv - identificação da equipe oficial/servente.
• Coluna 14 - dia mês - dia em que foi verificado a execução do serviço.
• Coluna 15 - dia sem. - dia da semana (Segunda a Sexta-feira).
• Coluna 16 - Obs. - no caso de alguma observação sobre o serviço, esse deve ser feito no dia de sua observação, colocando-se um número de identificação na coluna obs.
• Campo 17 - Comentários - o comentário deve ser feito, contendo em sua frente o número de identificação da coluna de observação (Obs.)

Para uma melhor compreensão da forma de preenchimento da Planilha de produção na Tabela 3, exemplifica-se com uma planilha devidamente preenchida na coleta de dados do serviço de alvenaria interna conforme o croqui e tabelas de acompanhamento apresentados acima.

Da mesma forma que realizado para serviços gerais, a coleta de dados para estrutura com a Planilha de Produção, criaram-se croquis e tabelas de padronização das medidas para lajes, vigas e pilares, onde no croqui da estrutura são numeradas as peças e identificadas para cada uma delas a quantidade de forma (m²), a quantidade de concreto (m³) e a quantidade de ferragem (Kg). Apresenta-se um exemplo de croqui para laje, na Tabela 2, e sua tabela de acompanhamento de medidas na Tabela 4.

A utilização de tabelas e croquis facilita a coleta de dados quando a estrutura está em andamento, pois evita a mistura de informações e erros nas quantidades das peças, esta fase da edificação caracteriza-se por possuir várias tarefas sendo executadas em diferentes ordens e ao mesmo tempo. Portanto, estando o apropriador com as tabelas e croquis prontos antes de iniciar a estrutura, este anotará os dados na Planilha de Produção com maior agilidade e segurança.

A particularidade em reunir várias tarefas em uma avaliação geral, traz algumas diferenças na formulação da Planilha de Produção na etapa da estrutura. A seguir, na Tabela 5, mostra-se a planilha utilizada e em seguida a forma de preenchimento dos campos indicados.

Para a PPE, os campos e colunas de preenchimento são identificados abaixo:

• Campo 1 - Obra - nome da obra que está sendo apropriada.
• Campo 2 - Engenheiro - nome do engenheiro responsável pela obra.
• Campo 3 - Apropriador - nome da pessoa que está apropriando a obra.
• Campo 4 - Pavimento - número do pavimento que está sendo executado, adotando por convenção que os pilares de um pavimento pertencem a laje que eles sustentam, ou seja, a laje que está acima dele.
• Campo 5 - N.º/ N.ºtotal. - No caso da planilha não ser suficiente para apropriar todo o serviço, sendo necessário abrir outra para o mesmo serviço, deve-se anotar o número da planilha pelo número total de planilhas que forem necessárias para que o serviço fosse executado.
• Coluna 6 - Serviço - o serviço deve ser anotado conforme padrão adotado na Tabela 6.
• Coluna 7 - Tarefa - a tarefa deve ser anotada conforme padrão adotado na Tabela 6.
• Coluna 8 - Peça - as peças devem ser anotadas conforme padrão adotado na Tabela 6.
• Coluna 9 - Quant. exec. - quantidade executada em m², m³ ou peso.
• Coluna 10 - Unid. - unidade (m², m³ ou Kg).
• Coluna 11 - Hh of. - número total de horas gastas no dia em oficial por equipe.
• Coluna 12 - Hh serv. - número total de horas gastas no dia em servente por equipe.
• Coluna 13 - of/serv - identificação da equipe oficial/servente.
• Coluna 14 - dia mês - dia em que foi verificado a execuçãcedil;o.
• Coluna 15 -
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