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Ano 8 Abril 2008 |
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Novos Materiais UFSC e Toniolo Pré-Moldados investem em blocos impermeáveis de concreto
| Acima testes de resistência e abaixo de estanqueidade. Na próxima fase serão testadas paredes para comparações entre a resistência de blocos convencionais e os impermeáveis.
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Em parceria com a empresa Toniolo Pré-Moldados, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está aprimorando um material cada vez mais usado na construção popular: o bloco de concreto. A meta é chegar a um bloco impermeável, que dispense revestimento externo e pintura. O desafio é desenvolver um componente com estas características e ainda de baixo custo, para alvenaria estrutural em construções de até quatro pavimentos. Aumentar a velocidade de execução das obras e permitir maior durabilidade e melhor aparência das moradias também são objetivos dos estudos. O bloco de concreto é o material construtivo de grandes projetos direcionados à habitação de interesse social, como o Projeto Singapura, em São Paulo, e o Bom Abrigo, em Santa Catarina.
O desenvolvimento dos blocos impermeáveis tem apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), por meio do Programa de Tecnologia de Habitação (Programa Habitare). O projeto envolve professor e estudantes do Grupo de Tecnologia em Materiais e Componentes à Base de Cimento Portland (GeTec), ligado ao Departamento de Engenharia Civil da UFSC.
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| Estudo de blocos e argamassas
Para estudo da estanqueidade à água, a equipe pesquisou e experimentou diversos aditivos e impermeabilizantes. Nos testes, blocos produzidos em escala laboratorial ficaram até três horas submersos em água sem que sua estrutura fosse penetrada. Em geral, um bloco comum, de concreto ou alvenaria, sem revestimento, fica encharcado em poucos minutos ao ser submerso.
O estudo de aditivos foi realizado com blocos e argamassas. “Não adianta fazer só o bloco impermeável, é preciso que o conjunto garanta a estanqueidade”, explica o professor Luiz Roberto Prudêncio Jr., coordenador da pesquisa.
“Um dos objetivos é ganhar tempo na construção, pois o trabalho de fachada está entre os mais demorados”, complementa. A equipe estima um encarecimento de 5% dos blocos impermeáveis em relação aos convencionais e destaca a necessidade de mão-de-obra qualificada para o assentamento.
“É claro que, quando você vai ter o revestimento depois, e com ele pode cobrir falhas, o assentamento não exige tanto cuidado como nesse caso em que a parede já fica pronta”, avalia o professor. Ele considera que a indústria da construção é conservadora, mas vê boas perspectivas para o bloco impermeável - que no Brasil é uma novidade, mas já vem sendo usado em outros países.
Novidades também na geometria
A impermeabilidade não é a única novidade em que o grupo aposta. Outros aprimoramentos estão sendo propostos com base nos estudos dos blocos tradicionais de quatro fábricas de Santa Catarina. Estas pesquisas detectaram problemas na geometria das peças: no assentamento da segunda fiada, os septos dos blocos de cima ficam sobre os furos dos blocos de baixo, o que interfere na resistência da parede.
O grupo avaliou numericamente a transmissão de esforços e chegou a uma outra tipologia e família de blocos de concreto. Os novos blocos têm comprimento de 44 centímetros (os tradicionais têm 39) e um formato que proporciona o alinhamento dos septos em todas as fiadas. Modelagens matemáticas realizadas pela equipe mostram que septos coincidentes ajudam na resistência da parede. Testes reais para comprovar essa qualidade começarão a ser feitos este ano, na Unesp, com a comparação entre paredes de blocos convencionais e de blocos impermeáveis.
O coordenador do projeto estima que a nova geometria garanta até 10% a mais de produtividade. “Ainda que o bloco tenha alguns centímetros a mais, conseguimos manter praticamente o mesmo peso. Assim ao final do dia o trabalhador assenta menos blocos e tem uma área construída maior”, explica.
Para produção de peças experimentais uma máquina protótipo foi instalada na Toniollo. Blocos foram produzidos e suas características testadas no laboratório da UFSC. O projeto é desenvolvido em parceria com a Unesp, a USP e o Cefet/SC. Contou ainda com a colaboração de outra empresa, a Rischbieter Engenharia Indústria e Comércio Ltda.
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| Parceria: a visão da empresa
O engenheiro Carlos Augusto Bedin trabalha na Toniolo Pré-Moldados há 17 anos. Engenheiro civil formado pela UFSC, atualmente é sócio da empresa e responsável pela função de diretor comercial. Abaixo ele fala sobre o trabalho com a universidade no desenvolvimento do novo produto:
Revista Habitare: É uma postura da empresa buscar inovações em seus blocos?
Bedin: Nossa empresa este ano faz 21 anos. Neste período, e com mais intensidade a partir de 1994, quando firmamos parceria com UFSC-GTec, temos buscado sistematicamente melhorias em nossos processos, principalmente desenvolver novos produtos para atender as necessidades do mercado. Este projeto vem nesta linha, buscando alternativas e soluções que melhorem o sistema construtivo com blocos de concreto, trazendo otimizações na execução e redução de custos.
Revista Habitare: Como a empresa vê o trabalho com a universidade?
Bedin: O relacionamento com UFSC tem sido de grande valia para nossa empresa, pois possibilita estarmos nos atualizando, recebendo informações a partir de pesquisas. Também somamos com ela o desenvolvimento de novos produtos e serviços, através de estágios dos alunos em nossa empresa e na colocação dos profissionais no mercado de trabalho. A credibilidade que a UFSC e GTec possuem nos traz diferenciais e também credibilidade junto aos nossos clientes.
Revista Habitare: Como foi para a empresa abrir suas portas para a equipe do GTec?
Bedin: Foi um processo natural, pois a nossa empresa sempre teve uma visão da importância de estarmos trabalhando em conjunto com uma instituição como UFSC, através do GTec. O profissional e professor Prudêncio tem características importantíssimas, tais como estar sempre buscando inovações, transmitir seus conhecimentos, ter com ele sempre uma equipe altamente comprometida com os trabalhos contratados e de grande competência, facilitar o relacionamento empresa, cliente e UFSC - GTec, através da transferência de experiências práticas adquiridas, estar sempre disposto a colaborar com a empresa. Quando solicitado, tem ajudado no desenvolvimento de conceitos e novos produtos em nossa área. O GTec traz segurança, tranqüilidade e credibilidade para nossa empresa.
Revista Habitare: Você acha que há possibilidades da empresa produzir comercialmente o novo bloco?
Bedin: O que determina a viabilidade é a demanda que poderemos gerar, termos um bloco com valor aceito pelo nosso cliente e que traga vantagens técnicas efetivas para quem vai utilizá-lo. Acredito que há grandes possibilidades de produção.
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