|
Ano 9 Outubro 2009 |
|
Código de boas práticas USP e IPT preparam experiência piloto para a indústria da construção civil
| Primeiro sistema detalhado é a alvenaria de vedação de blocos cerâmicos. Objetivo é disseminar práticas bem-sucedidas |
|
Equipes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) trabalham no fechamento de uma proposta de referencial tecnológico para a indústria da construção. O documento adota a alvenaria de vedação de blocos cerâmicos para apresentação do Sistema Nacional de Códigos de Práticas (SiNCOP). A experiência piloto da qual resultou o primeiro código contou com a participação de representantes de instituições de ensino e pesquisa, de associações e de sindicatos, organizações públicas como a CAIXA e a CDHU, além de empresas projetistas e que executam obras de alvenaria.
O documento traz as práticas recomendadas para as etapas de projeto, execução, controle e recebimento, requisitos de desempenho e cuidados de manutenção para a alvenaria de vedação de blocos cerâmicos. Poderá ser usado por projetistas, construtores e agentes financiadores da habitação.
“Um dos problemas para agentes públicos e privados no momento de estabelecer contratos é a falta de procedimentos homogêneos de projeto, execução, controle, uso e manutenção de muitos dos elementos tradicionais dos edifícios”, lembra o professor Francisco Ferreira Cardoso, da Poli-USP, sobre a motivação para desenvolvimento do projeto.
Ele explica que embora a referência à normalização técnica seja importante, no dia-a-dia da construção civil ela não é suficiente. Há necessidade de documentos do tipo caderno de encargos e manuais técnicos. “Daí a importância da elaboração dos códigos de práticas, reunindo parâmetros de projeto, execução, controle da produção, uso e manutenção dos elementos ou técnicas construtivas já consagradas na construção civil, incluindo aspectos contratuais, de garantias e de responsabilidades, tópicos normalmente não contemplados nas normas técnicas da ABNT”, destaca o pesquisador.
“Com os códigos de práticas será possível unificar e consensualizar junto ao setor produtivo práticas construtivas recomendadas e bem-sucedidas, considerando, entretanto, as especificidades regionais do Brasil”, explica a engenheira Fabiana Cleto, pesquisadora do IPT. Segundo ela, os referenciais são sistematizados a partir de práticas consagradas, contribuindo para a melhoria da qualidade e desempenho das edificações. Colaboram também com a disseminação do conhecimento e para que profissionais tenham maior segurança na realização dos serviços. Podem ainda servir de base para relações contratuais entre agentes da cadeia produtiva.
|
| “A unificação dos procedimentos num único documento representa ganho considerável para todos os agentes envolvidos, contribuindo para a maior competitividade do setor e para a obtenção de produtos de melhor desempenho”, complementa. Austrália, Canadá, França, Estados Unidos, Portugal e Reino Unido já desenvolveram seus respectivos Códigos de Práticas (Building Codes), Códigos Técnicos, Documentos Técnicos Unificados (Documents Techniques Unifiés) ou Fichas de Construção.
"O desafio no Brasil é criarmos uma instância de governança única, que envolva as diferentes partes interessadas e possa organizar um conjunto de códigos de práticas, unificado nacionalmente, embora possa considerar especificidades regionais", avalia o professor, que é otimista: "Vislumbramos um cenário atual mais propício para absorver e desenvolver este tema, em função da evolução dos programas da qualidade, regionais e nacionais". Ele informa que um workshop está sendo planejado para divulgação do documento piloto e apresentação da proposta do SiNCOP ao setor da construção civil.
O projeto tem apoio do Programa Habitare, da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), por meio da rede ´Desenvolvimento e difusão de tecnologias construtivas para a habitação de interesse social/Coordenação Modular`.
Saiba Mais
O código piloto
Adota a alvenaria de vedação de bloco cerâmico como sistema inicial e aborda etapas de projeto; seleção de materiais; execução; controle da qualidade e de recebimento; uso e manutenção; garantias e responsabilidades.
O texto-base do documento foi discutido e consensualizado junto ao setor. A partir da formação de um grupo de trabalho com diversos agentes da cadeia produtiva, incluindo, por exemplo, representantes da indústria cerâmica (Associação Nacional da Indústria Cerâmica; Sindicato da Indústria da Cerâmica para Construção do Estado de SP; Associação das Cerâmicas de Tatuí e Região; Associação das Cerâmicas Vermelhas de Itu e Região) e do setor da construção (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Adm. de Imóveis Residenciais e Comerciais de SP; Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas no Estado de SP), foram realizadas reuniões técnicas no decorrer de seis meses (novembro/2008 a abril/2009) para a finalização do documento.
Na etapa de projeto, por exemplo, o documento contempla requisitos e critérios de desempenho, coordenação modular horizontal e vertical, e estabilidade das paredes de vedação. Trata também de compatibilização com projetos de estruturas, fundações, instalações, impermeabilização, além de recomendações para as ligações entre paredes, entre alvenarias e pilares, encunhamentos, entre outros aspectos. Para cada uma das demais etapas, o documento repete o detalhamento e fornece diversas orientações.
O código piloto se aplica a alvenarias de vedação executadas com blocos cerâmicos vazados ou tijolos cerâmicos maciços assentados com argamassa, preenchendo as paredes dos reticulados de estruturas de concreto armado ou protendido, concreto pré-moldado, aço, madeira, estruturas mistas aço-concreto e outras. Aplica-se ainda a estruturas pilar-laje e a paredes apoiadas sobre lajes maciças, lajes pré-moldadas, lajes alveolares e lajes mistas steel-deck, entre outras.
|
|
|
|