Tecnologia
Blocos de solo estabilizado
O grupo Geotemah estuda a estabilização do solo com diferentes composições e
matérias-primas. Vêm sendo usados como estabilizantes cimento, cal, polímeros e
resinas. A partir das diferentes constituições da massa surgem também
denominações diferenciadas: solo-cimento (uma das mais comuns), solo-cal,
solo-cimento-cal, solo-polímeros, solo-resíduos, entre outras. São também
pesquisadas diferentes aplicações do solo estabilizado.
A escolha do tipo de solo
A princípio, o solo de qualquer jazida pode ser usado para a confecção de
paredes monolíticas, blocos e tijolos de solo estabilizado. Os mais indicados
são aqueles que possuem 50 a 70% de teor de areia em sua composição. Há
necessidade de análises para avaliação das características físicas e químicas
necessárias. O controle de qualidade do solo que será usado para produção dos
blocos é fundamental para uma produção de tijolos de qualidade. As terras de
cores escuras como cinza, preto, castanho claro e escuro, e de coloração
acinzentada, esverdeada e azulada,
devem ser evitadas.
O solo mais adequado para a fabricação de tijolos a frio é o rico em húmus (cor
escura), parte que, no entanto, nunca deve ser usada como matéria-prima numa
olaria a frio. A terra mais adequada deve também apresentar as camadas
classificadas como horizontes inorgânicos B1 e B2. As características
apropriadas devem ser comprovadas em laboratório.
Composição
Para produção dos blocos de solo-cimento, por exemplo, a terra é misturada à
água e a dosagens específicas dos outros dois componentes. Depois os tijolos
são moldados em uma prensa. Ao invés de irem ao forno, os blocos produzidos a
frio permanecem sete dias protegidos do sol (olaria a frio), quando ficam
prontos para serem usados. O processo só gera tijolos de qualidade a partir de
procedimentos adequados e monitorados.
O processo exige a aplicação de um protocolo técnico, que envolve fatores como
a escolha do solo, a dosagem dos ligantes hidráulicos, o correto ajuste de
diferentes parâmetros relativos ao solo e à mistura deste com o estabilizante.
Além disso, os blocos de solo estabilizado não são adequados a qualquer tipo de
construção. A consulta de um engenheiro especialista é indispensável. O nível
de detalhamento do projeto também deve ser o maior possível. Tudo aquilo que as
normas exigem para a alvenaria estrutural de blocos de concreto, armado ou não
armado, vale para o solo estabilizado.
Os esforços mais recentes do Grupo Geotemah estão voltados à introdução de
resíduos industriais como matéria-prima ou como agentes estabilizantes na
fabricação de ´tijolos intertravados´.
Vantagens
Entre as vantagens da tecnologia estão a redução do
custo unitário final (em torno de 30 a 40%), racionalização do projeto e da
obra, facilidade de construção, possibilidade de reaproveitamento de tijolos
com falhas e rápida execução da obra. Utilizando tijolos que se encaixam uns
nos outros, o sistema também dispensa argamassa. O rejunte exterior é
necessário, mas a possibilidade de montagem reduz o tempo de construção. Além
de contar com encaixes, os blocos são vazados, permitindo a colocação das
tubulações para redes hidráulicas, de telefone e de energia. As instalações
embutidas evitam a quebra das paredes e são colocadas durante o erguimento da
alvenaria. Quando a construção atinge o pé-direito e recebe a cobertura, está
pronta para ser habitada.
Cuidados
O controle de qualidade dos blocos é fundamental. Sem os devidos cuidados, uma
série de patologias comprometem o uso do solo-cimento.A construção com
qualidade usando tijolos estabilizados intertravados também depende da
regularidade na dimensão, principalmente com respeito à altura dos blocos. A
padronização dos tijolos acelera o assentamento (de acordo com a equipe, a
produção em metros quadrados/dia/hora pode chegar a triplicar) e reduz a
necessidade de nível e prumo.
Outro cuidado indispensável que deve ser delegado a um bom mestre de obras é a
prévia colocação dos dutos e da ferragem a ser fixada na fundação, assim como a
de pontos de luz, torneiras, registros, etc. Além disso, construções de maior
porte, com dois ou mais pavimentos, grandes extensões de paredes e aberturas,
devem obrigatoriamente contar com a orientação de um engenheiro especializado
em alvenaria estrutural
Transferência Tecnológica
Desde 2003 a proposta de aproveitamento do solo estabilizado na habitação
popular está cadastrada no
Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do
Brasil.O Grupo Geotemah apóia tecnicamente e sem ônus Associações de Moradores,
Fundações, Cooperativas, Secretarias Municipais e Estaduais de Habitação, assim
como pessoas físicas e jurídicas através de cursos teórico-práticos,
ministrados na Universidade (nos laboratórios da COPPE/UFRJ) ou no próprio
local do empreendimento. Preferencialmente são treinados e capacitados
profissionais da construção civil (engenheiros, arquitetos, mestres-de-obras e
pedreiros) através dos chamados cursos-oficina com duração variável, para
atuarem como orientadores e multiplicadores.
O Grupo também atua na qualificação de recursos humanos, em cursos de extensão e
de pós-graduação. Arquitetos e engenheiros do Brasil, Chile, Peru, Bolívia,
Honduras, Senegal, Cabo Verde e Angola, entre outros países, têm sido recebidos
na Coppe/UFRJ como alunos de Mestrado e Doutorado, aperfeiçoando a tecnologia
da estabilização de solos. Com seus estudos e a orientação da equipe que há
anos vem atuando neste campo, estes profissionais desenvolvem conhecimento
sobre como utilizar o solo e resíduos industriais, minerários e agrícolas na
fabricação de elementos construtivos para habitação de interesse social.
Exemplos de programas que receberam apoio:
- Rato Molhado (Duque de Caxias/RJ)
- Morro do Quieto (Rio de Janeiro/RJ)
- Cooperativa Frei Leonardo Boff (Petrópolis/RJ)
- Comunidade da Serrinha (Japeri/RJ)
- Sem-Terra (Santa Catarina)
- Programas Habitacional, de Geração de Renda e de Profissionalização,
da cidade de Volta Redonda (Rio de Janeiro)
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